segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Kenobi - Star Wars Legends - John Jackson Miller

A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu tudo... menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan Kenobi a missão de proteger aquele que pode ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores do local. No entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Ben Maluco”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na luta pela sobrevivência dos habitantes de um oásis esquecido no meio do deserto e em seu conflito contra o perigoso Povo da Areia.

Já nem sei falar há quanto tempo eu queria ler sobre o Universo Expandido. Mas eu sempre parava em dois problemas: 1. eu não sabia por onde começar; e 2. eu não encontrava. Ou melhor, até encontrava alguns em inglês, mas daí eu esbarrava no problema  número 1. Mas com o lançamento da coleção Legends, pela Editora Alef, meu problema foi em parte resolvido. Em parte porque ainda restava o problema de por onde começar. Então, até por recomendação de vendedores tão aficionados como eu, escolhi começar pelo mestre. 

E o bom de Kenobi é que ele é independente, não precisa nada além de assistir os filmes para entender. Ele começa exatamente no final de A Vingança dos Sith: Obi-Wan acabou de chegar em Tatooine, com Luke a tiracolo, a fim de entregá-lo aos tios. E, mesmo com o pequenino Luke nos braços, Obi-Wan já arruma confusão (acho que mais precisamente, confusão o encontra), e kicks ass com uma mão no sabre de luz e a outra segurando o bebê Luke. Esperar o quê dele? (parêntese para um desabafo: que ordenzinha de m... é essa dos Jedi! Quer dizer que de todos eles, somente Obi-Wan e Yoda escapam do massacre? E todos os outros?: Nenhum deles teve os mesmos reflexos? Oi? Isso só me ocorreu agora, assistindo novamente os filmes. Bom, tem um... mas isso é assunto para a próxima resenha, que sai em uns 2, 3 dias - wink, wink).

O que achei bem legal neste livro é que ele joga uma luz neste que é um dos personagens mais fodásticos do universo Star Wars, ao mesmo tempo calmo e letal, e ver que ele erra sim. E muito. A princípio, Ben se aloja nas montanhas de Tatooine, numa casa abandonada há sabe-se lá quanto tempo, e sua intenção é passar totalmente - ou quase - despercebido. Ele tem seus motivos, sendo que o mais urgente é evitar ser descoberto pelo Império, e assim revelar não só seu paradeiro, como o de Luke e falhar na missão a ele confiada. Mas o que Ben não sabe é que num lugar remoto como Tatooine, onde todos os locais conhecem praticamente todos, ficar isolado no meio do deserto é o mesmo que colocar um farol de LED em cima da cabeça e sair por aí. E, nisto, ele falha miseravelmente. Claro que sua presença não passa despercebida, alvoroçando a curiosidade local. Fora o que já mencionei ali em cima sobre ser um verdadeiro íma para encrencas. 

Outra coisa bem bacana foi ver que Obi-Wan é, por baixo daqueles metros e quilos de roupas e mantos Jedi, homem. E digo isso assim: HOMEM. Ou seja, como qualquer um, ele também tem hormônios, e já sofreu com eles algumas vezes. E está sofrendo por causa deles de novo. Spoilerzinho sem importância: não, padawans, ele é muito forte (sacou? - wink, wink) e resite às tentações. O que, sinceramente, eu acho uma pena. Como ressaltou uma amiga minha recentemente, se você parar para analisar a trilogia original, não há menção, em momento algum, que Jedi são proibidos de amar, seja em qual sentido for. E vem cá, essa é uma lei bem idiota. Pense: se a Força é transmitida pela linha genética ...



...então por que privar os Jedi de constituir família? Por desapego, certo, mas então, face it: a Ordem estava fadada a desaparecer desde sua fundação. E não há ninguém a culpar além dos próprio Jedi. Vader só acelerou as coisas.

Me desviei. de volta ao livro, não só Obi-Wan tem lá seus desejos, como também desperta paixões. Mas, como bem disse minha irmã, considerando-se que Obi-Wan é assim...



... alguma de vocês, meninas (e alguns meninos também) pode questionar o por quê? Fora toda a aura de mistério que ronda o cara. Forasteiro, misterioso, lindo, com esses olhos azuis penetrantes...precisa mais? E, falando em mistério, o livro não tira essa aura dele.Se possível, acrescenta mais. Levanta outras questões sobre ele, que eu adoraria descobrir.

E quem é a sortuda mais ou menos da vez responde pelo nome de Annileen. Annie, como é conhecida, é a dona do armazém local. E por armazém eu quero dizer Wal-Mart, com tudo que você precisa para sobreviver no desértico mundo de Tatooine. E quero dizer tudo mesmo. O armazém é na verdade um complexo com bar, oficinas, loja... Viúva já aos 37 anos, mãe de dois filhos adolescentes, Annileen luta para manter o negócio que herdou do marido funcionando todos os dias do ano. Forte e independente, ela tem muito trabalho com o filho rebelde, e no fundo nutre uma boa dose de frustração por não ter conseguido o que planejava para sua vida: estudar, se formar e sair de Tatooine. Mas, como toda batalhadora, ela não reclama pelo que poderia ter sido e foca no que é. E sua atração por Ben, se bem que justificada, é na verdade um reflexo da solidão que a ronda. 

Annileen não está sozinha. Ela conta com a ajuda de Orrin Gault. Amigo de seu falecido marido, Orrin comanda o grupo de segurança local e ajuda na administração do armazém. Orrin é p típico homem de negócios, vendedor nato, sempre com um sorriso no rosto e não perde uma oportunidade de negócio. Orrin parece todo prestativo e preocupado com a segurança de todos, agindo como paizão, mas na verdade sua mente está sempre na próxima oportunidade de serviço e lucro. E, claro, ele gosta muito do posto de chefão (ou isso ele pensa).

O armazém ainda conta com outros personagens pitorescos, como Wyle Ulbreck, um fazendeiro de umidade meio paranoico e que não bate muito bem da cabeça, Leelee Pace, melhor amiga de Annileen e artesã local e Erbaly Nap'tee, uma alien idosa e meio gagá. Além dos filhos de Annileen, Kallie (que também arrasta um trem por Ben, aliás) e Jabe, e de Orrin, Veeka e Mullen. Fora Kallie, os outros são só problemas. 

E, claro, o que seria de Tatooine sem a ameaça do Povo de Areia? e eles tem hierarquia organizada, liderados por A'Yark, também chamado de Olho de Rolha. E não se engane: os Tusken são sim implacáveis. Não se deixe levar pela imagem tosca deles em Uma Nova Esperança. E sua sociedade é complexa, tem religião própria, mitos e heróis. E, antes que você pergunte, sim, eles mencionam o massacre perpetrado por Anakin, além de outros. A'Yark tem determinação e nutre um ódio pra lá de justificado de humanos. Mas não posso revelar mais que isso sem dar spoiler. 

O livro é todo ambientado em torno do armazém, ou Lote, e o livro é ação do começo ao fim. Em uma comparação meio tosca, é um mix de western e ficção científica. A leitura é fluida, e vai fácil. Os pontos de vista se intercalam entre os personagens principais, e os capítulos são curtos e bem encadeados entre si, de forma que é difícil parar. Aponto ainda um capricho da editora: veio com um marcadorzinho na forma do sabre de luz de Ben. Se eu tenho uma reclamação sobre o livro é que ele se chama KENOBI, então poderia ter uma participação maior dele, pois ele aparece relativamente pouco. E também acho que Luke e sua família poderia aparecer mais, pois afinal todo o propósito de Obi-Wan se exilar em Tatooine foi proteger o garoto. O livro também poderia abranger um período maior, em vez do pouco menos de um ano que descreve. Mas daí também abre a possibbilidade de começar toda uma série, não só de livros, mas também para ver (ouviu bem, Netflix?). Afinal, Obi-Wan ficou quase 20 anos em Tatooine, e não creio que ele tenha passado todo o tempo forever alone, meditando.

"Se eu tiver de seguir em frente, e ambos sabemos que terei de fazer isso, preciso de alguma maneira parar de me martirizar por causa do que acontece. A dor existe, mas grande parte dela tem sido infligida por mim mesmo, nos últimos tempos." Ben Kenobi (p. 263)

Trilha sonora

Boulevard of Broken Dreams, do Green Day, é perfeita (I walk alone, I walk alone);
 Never let me goSeven DevilsBreath of Life e Shake it Out, Florence and the Machine e, claro, Star Wars theme. A gente abre o livro e ela vem imediatamente na cabeça ;)

Se você gostou de Kenobi, pode gostar também de:


  • O Senhor dos Anéis - J. R. R. Tolkien;
  • Harry Potter - J. K. Rowling;
  • As Crônicas do Gelo e do Fogo - George R. R, Martin.

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