domingo, 1 de janeiro de 2012

O jogo do Anjo – Carlos Ruiz Zafón

 

Jogo anjo Aos 28 anos, desiludido no amor e na vida profissional e gravemente doente, o escritor David vive sozinho num casarão em ruínas. É quando surge em sua vida Andreas Corelli, um estrangeiro que se diz editor de livros. Sua origem exata é um mistério, mas sua fala é suave e sedutora. Ele promete a David muito dinheiro e sua simples aparição parece devolver a saúde ao escritor. Contudo, o que ele pede em troca não é pouco. E o preço real dessa encomenda é o que David precisará descobrir.
Em O Jogo do Anjo, o catalão Carlos Ruiz Zafón explora novamente a Barcelona do início do século XX, cenário de seu grande êxito internacional A Sombra do Vento, que vendeu mais de 10 milhões de exemplares em todo o mundo. Lançado este ano na Espanha, O Jogo do Anjo já ultrapassou a marca de um milhão de exemplares vendidos.

Quem me acompanha há algum tempo sabe que eu amei A Sombra do Vento, e por isso mesmo eu estava com O jogo do Anjo na estante, só esperando para ser lido. E, para dar um tempo na fantasia, depois de ler o Ciclo A Herança, Ahmnat e Filhos do Éden - Herdeiros de Atlântida, resolvi ler esse. Apesar de ter elementos fantásticos, eu não considero a mesma coisa.

O jogo do Anjo nos leva de volta a Barcelona (ai, agora me deu mais vontade ainda de conhecer essa cidade!), mas aproximadamente 20 anos antes de A Sombra do Vento, Ainda assim, passamos por lugares conhecidos, como a Livraria Sempere e Filhos e o Cemitério dos Livros Esquecidos (quer apostar que quando eu for para Barcelona eu vou querer encontrar esses dois lugares, mesmo sendo de mentira?). E nosso guia nesta viagem é David Martín, um jovem escritor de 28 anos com a saúde tão ruim que com essa idade já se encontra à beira da morte. E é nessa hora que aparece um tal de Andreas Corelli, um editor francês que encomenda a David um livro que irá mudar o mundo.

David é um solitário, sempre carrancudo, mas com humor sarcástico (alguém aí pensou em Dr. Gregory House?) e é um escritor brilhante. Quando era bem pequeno, David testemunhou o assassinato do pai, em frente ao trabalho, com um tiro. A partir daí, David tem que se virar sozinho, e com certeza essa fato contribuiu para seu isolamento, e uma indiferença quanto a tudo o que se passa ao seu redor. Ele só muda isso quando entra em cena Cristina, a filha do motorista de Pedro Vidal, o dono do jornal onde ele trabalhava La Voz de la Industria, e um dos poucos amigos que David tem.

Vidal é um típico playboy que se diz escritor, mas na verdade não tem talento nenhum. Viva mais do sustento proveniente do pai, e tem uma verdadeira paixão por carros. Não aparece muito, mas parece ser superficial e é do tipo que gosta de manter o controle sobre os que se acham inferiores a ele, simplesmente pelo prazer de exercer seu poder. Mas ele vai ser importante na história e David em mais de uma ocasião.

Cristina é a cara-metade de David. Ela é igualzinha a ele, também sofreu um trauma na infância (sua mãe morreu, ou foi embora, não lembro, e também não vem ao caso, não é importante). Ela também ama David, mas como ele, nega o sentimento e se isola. Acho ela um tanto apática, ainda mais que David, e uma maníaca-depressiva de primeira.

O raio de luz do livro vem de Isabella, uma jovem de 17 anos que cai meio de pára-quedas na vida de David. Ela é a personagem mais viva do livro, sem papas na língua e mania de arrumação que beira o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo, não o blog da Luciana). Isabella é uma escritora em potencial, e sua desculpa para aturar David é exatamente essa: quer aprender com ele.

Não poderia deixar de mencionar também o Sr. Sempere, no caso, o avô de Daniel, de Sombra, um senhor de idade e acolhedor, parece mesmo um vovozinho bem fofinho. E seu filho também aparece, mas pouco, pois o cara é de uma timidez quase patológica. Mas parece bem sereno, um homem equilibrado e observador.

Já o tal Andreas Corelli é um mistério. Rico e aparentemente influente, não revela nada de seu passado ou de quem é realmente. Tem uma visão bem filosófica do mundo, e oferece várias pérolas de sabedoria ao longo do livro, como:

O silêncio faz com que até os idiotas pareçam sábios por um minuto. (p. 161).

Mas também é um homem assustador, daqueles que sempre conseguem o que querem, de um jeito ou de outro. Ele parece aqueles mafiosos italianos dos filmes.

Há ainda mais um personagem que preciso destacar. Trata-se da casa em que David mora, a casa da torre. A tal casa sempre exerceu uma fascinação sobre David, até que ele consegue dinheiro suficiente para alugar o imóvel. Ela esconde um mistério, que vai se entrelaçar à vida de David.

O livro tem aquele mesmo ar sombrio de A Sombra do Vento, mas revela o mesmo respeito pelos livros e pelo ato de escrever. O suspense é evolvente e a gente sempre quer saber mais do passado. Como em Sombra, há uma história dentro de outra neste, e sempre aquele ar de sobrenatural e até mágico. Eu ainda prefiro A Sombra do Vento, mas este não fica atrás. É uma leitura fascinante e prazerosa. Recomendadíssimo.

Trilha sonora

Para começar, uma música que eu amo, e que se aplica direitinho, Epitáfio, do Titãs. Ainda Storm e It is what it is, do Lifehouse, Eleanor Rigby, dos Beatles, Give up giving in da Amanda Marshall, Giving up on you, da Lara Fabian e The sweet hello the sad goodbye, do Roxette.

Se você gostou de O jogo do Anjo, pode gostar também de:

  • A Sombra do Vento – Carlos Ruiz Zafón;
  • Marina – Carlos Ruiz Zafón;
  • Histórias Extraordinárias – Edgar Allen Poe;
  • A menina que roubava livros – Markus Zusak

5 comentários:

Vitor disse...

Fernanda, meu Natal e Ano Novo foram ótimos. Estou doido para terminar As Últimas Quatro Coisas, e começar O Festim dos Corvos, mas só em Fevereiro. E um Feliz 2012 atrasado também.
Abraços,
Vitor Vieira

Luana disse...

Ui! Curiosidade! Curiosidade!!! Livro sobre que assunto? Ai, agora eu vou ter que ler esse livro e a culpa EH SUA! To cheeeeia de trabalho pra fazer - tenho duas alunas chegando dia 09 de janeiro e nao tinha me ligado que isso eh, oi, semana que vem? ME FODI!

Da trilha sonora, Epitáfio eh ruim.. risos... Ate blasfemia colocar com Eleanor Rigby... Alias, achei sua descricao do livro super Eleanor Rigby...

beijocas

Tiago Antoniello disse...

Menina, vou começar a ler A Sombra do Vento somente pq li teus comentário e gostei. Valeu pela dica.

Ricardo Inocencio disse...

Oi Fê...há muito tempo não escrevo aqui, quero te desejar (ainda que com 5 dias de atraso) um feliz 2012, com muita saúde e boas leituras !!!


Quero te dar uma excelente indicação. Se você já leu Khaled Hosseini (Caçador de Pipas e A Cidade do Sol), vai adorar ler "Existem Crocodilos no Mar" do escritor italiano Fabio Geda.

É um livro rápido (menos de 200 pgs), comovente e reflexivo. É a história verídica de um menino afegão abandonado pela mãe aos 10 anos e que enfrenta inúmeras situações dramáticas (e algumas hilárias) até chegar a Europa onde se torna um cidadão "normal". Vale a pena a leitura.

Um grande abraço,


Ricardo Inocencio (o Inocencio I do Skoob, rsrsrs)

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi para todo mundo!

Obrigada pelos comentários!

Luana - leia sim que é muito bom. Eu sei que você está com o tempo corrido, mas acontra um tempinho para ler poque você vai gostar. Eu nem tinha me tocado de Eleanor Rigby até ler o começo de uma resenha no Skoob, e a menina começou com Ah! Look at all the lonely people, aí caiu a ficha. O livro é muito Eleanor Rigby mesmo. E você pode não gostar de Epitáfio (eu adoro! ;D), mas se você ler, vai entender que ela é perfeita, principalemnte na primeira parte.

Tiago - (e isso vale pra Luana também) eu prefiro A Sombra do vento (aliás, Lu, lê essse também), mas este também é muito bom. Aora preciso ler Marina.

Ricardo - nossa fazia tempo mesmo! Até pensei que tinha me esquecido...;D

Beijos!

Fernanda