quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

U2

 

U2 Outra das minhas bandas preferidas é o U2. Confesso que não fui sempre fanática. Virei fã mesmo depois de 1998, quando eles vieram pela primeira vez ao Brasil, e eu tive a felicidade de ir ao show.

Digo isso porque, e agora peço mil desculpas, na verdade resolvi escrever esse post para desabafar. Após anos tentando engolir o fato de eu não ter conseguido ir no Vertigo Tour, em 2006, pois estava sem emprego na época e não podia gastar R$200,00 no ingresso, vocês podem calcular a felicidade que eu fiquei ao saber da notícia que essa banda que eu amo de paixão voltaria, e no mês do meu aniversário, no less.

Infelizmente e felicidade durou pouco. Contente que agora eu tinha o dinheiro pra pagar, não perdi tempo e, na semana passada, já sem aulas na faculdade, me propus a ir comprar os ingressos, para mim, minha irmã e duas amigas. E lá fui eu, cedinho ao Shopping Eldorado pra comprar na Saraiva lá. Cheguei às 8:05, na hora em que o Carrefour abre, e me preparei para esperar pelo menos duas horas na fila para comprar.

Muito bem. Chega 10:00, horário de abertura da livraria, o segurança libera a fila, de modo mais ou menos organizado, depois de algumas brigas com um furão que foi quase arrancado à força da fila. Finalmente eu estava na loja, perto do guichê, só para, quase meio dia ouvir a tão temida notícia: INGRESSOS ESGOTADOS! Revolta e frustração irradiavam de todos os fãs naquele dia. Mas havia uma luz no fim do túnel: haveria um show extra dia 10 de abril.

E lá estava eu, esperanças renovadas, dinheiro na mão, muita reza brava e torcida. Desta vez, quem iria para a fila seriam os pais de minha amiga, que podiam pegar a fila preferencial, no primeiro dia de vendas para o público em geral (sim, porque não sou agraciada em ser sócia do Citibank, nem tenho cartão Diners ou Credicard. Sou professora, não posso me dar a esses luxos) Oba!, pensei eu, dessa vez eu consigo!

Ledo engano! Por volta das onze horas da manhã vem a fatídica notícia: INGESSOS ESGOTADOS NOVAMENTE! E dessa vez, o Credicard Hall, numa total falta de respeito com todas as pessoas presentes na fila, que passaram a noite debaixo de chuva, anuncia que não vai abrir os portões, às 10 horas da manhã, porque não tem mais ingressos. É, todo mundo que estava lá é porque gosta de ficar em fila, debaixo de chuva!

Absurdo dos absurdos! Só no Brasil mesmo pra gente ser tratado desta forma humilhante. Cadê os responsáveis? Quem vai pagar por essa humilhação coletiva? Eu respondo: essas coisas acontecem no Brasil porque ninguém fala nada, e empresários inescrupulosos, lucrando rios de dinheiro, acham que podem tudo. É a famosa impunidade. Sem contar a discriminação (é isso mesmo!) da venda de ingressos antecipada para clientes desta ou daquele cartão. Por que? Eu tenho os mesmos direitos que o cara que é cliente do banco X.

Ah! E quase ia me esquecendo dos cambistas. Para esses caras, sempre tem ingresso à disposição! E nós, pobres coitados que trabalhamos, e em muitos casos, guardamos com muito esforço o dinheiro para pagar os duzentos e tantos reais do ingresso, ficamos sem. Cadê a segurança? Por que esses cambistas, que devem ser conhecidos dos bilheteiros, ainda estão aí, agindo livremente? De novo: impunidade.

Claro, agora anunciam outro show, dia 13 de abril. Só que agora, depois de tudo isso, não tenho mais vontade de ir ao show. Sim porque vai ser de novo a mesma palhaçada: pré venda pro clientes X,Y e Z. E de novo, nós, pobres mortais, ficamos como idiotas.

E isso se reflete na imagem da banda. O U2 não é famoso por ações humanitárias, ser uma banda politizada? E aí, por aqui isso tudo se esquece. Claro que a banda não tem culpa pelos tropeços na venda de ingressos pela Tickets for fun, uma empresa que eu não sei como ainda está aberta, depois dos fracassos com os shows anteriores, como da Madonna. Só tenho uma explicação: rola muito dinheiro nesse meio, e quem paga o pato somos nós.

E isso não se limita à venda de ingressos para megashows. Todos os dias, cidadãos comuns, vindos dos quatro cantos do Brasil passam por uma humilhação semelhante no Hospital das Clínicas, onde minha mãe é voluntária e presencia diariamente esse tipo de descaso. Claro que nesse caso é muito pior, pois se trata de saúde. Mas de todo jeito, por trás dessa realidade amarga, há gente que lucra com a humilhação alheia.

Desculpem o desabafo. Mas eu não estava aguentando, e o único jeito que eu tenho de protestar é esse: escrever. E como já foi dito antes: a pena é mais forte que a espada, e com isso, só posso esperar que meu protesto, ainda que pequeno no grande esquema das coisas, possa servir de alerta, e assim, quem sabe um dia, possamos nos orgulhar de ver um país onde esse tipo de injustiça e discriminação não seja mais tolerado.

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