sábado, 12 de junho de 2010

Eu e minha dona – parte 1

 

DSC00047 Estava na cozinha com minha dona, e acho que ela estava lendo alguma coisa. Sabe, ela gosta muito de ler, e, se for sobre bichinhos, aí é que ela lê mesmo (dessa vez, era uma matéria onde os animais falavam de seus donos). E, às vezes, até chora. Lembro que quando ela leu Marley & Eu, ela chorou muito, não sei porque. Afinal, o que aquelas coisas cheias de páginas podem fazer? De qualquer modo, eu vi e fui logo para o lado dela, e também fiquei muito emocionado. Não aguento ver minha dona chorando…Então fui para o seu lado, e fiquei lambendo suas lágrimas. É o meu jeito de consolar, já que não posso falar (pelo menos, não de um jeito que ela entenda o que eu quero dizer).

“Mas, afinal, quem é você?” vocês devem estar se perguntando. Meu nome é Murruga, e sou um Cocker spaniel inglês de nove anos, mais ou menos, não tenho certeza da minha idade. Sabe, minha história é meio triste. Eu não conheci minha “mãe” até ter um ano e meio, mais ou menos. Antes eu vivia em outro lugar, com outras pessoas, que hoje, sinceramente, eu nem me lembro mais, e nem quero lembrar.

É que essas pessoas fizeram uma coisa muito feia. Só porque sou um cãozinho brincalhão, e, admito, temperamental às vezes, me largaram na rua, como se eu fosse uma coisa qualquer e não tivesse sentimentos. Fiquei um dia andando para cima e para baixo, sem saber para onde ir. Minha mãe é veterinária, e, na época, tinha um pet shop. Uma das clientes dela me viu, e pediu para que ela ficasse comigo por uma noite. Isso foi em 2002. Minha mãe aceitou, mas e no dia seguinte até tentou achar meus antigos donos. Ela saiu pelo bairro, falando com uma amiga veterinária (minha tia Mari, que eu adoro, mas na época, eu ainda não conhecia), em outro pet shop perto do dela, até em padaria e banca de jornal ela avisou que tinha achado um Cocker macho (eu ainda não tinha nome), e que se alguém procurasse, era para ir falar com ela.

O tempo passou, e ninguém apareceu. fiquei tão triste que nem comi por uma semana, e, juro, chorei de fazer poça de lágrimas no chão. E esse tempo todo, minha mãe cuidou de mim. Na verdade, suspeito que eu conquistei ela logo de cara. Também, sou um cão muito lindo (mais bonito que o Brad Pitt, segundo minha mãe!). Aí, ela resolveu ficar comigo, apesar da contrariedade do pai dela.

No começo, eu ficava no pet, e minha mãe vinha cuidar de mim até de domingo! Mas, como já disse, eu sou meio temperamental, e confesso que até mordi algumas vezes minha mãe (e mais algumas pessoas…). Aí, mamãe ficou brava e me castrou (com ajuda da tia Mari). Mas foi para o melhor. Hoje sou mais calmo. Mas quando chegam perto da minha bolinha azul, ou da minha comida, eu fico uma fera. Aliás, meu nome vem daí: eu apareci na época de uma novela, não sei qual (sabe, eu não assisto), e minha mãe disse que tinha um personagem português muito invocado e ciumento chamado Murruga. Daí foi um pulinho pra esse virar o meu nome (que eu gosto muito aliás).

Já se passaram oito anos, eu mudei de casa (é que a mamãe teve que fechar o pet), e conquistei todo mundo da família, até o pai dela, que hoje é o meu papai, e eu amo muito ele. Na verdade, sou o xodó dele (dá pra imaginar?!), e só obedeço ele (mais ou menos).

Bem, na verdade, não conquistei, assim, todo mundo. É que, para minha surpresa, em casa tem mais uns intrometidos. Tenho que aguentar três gatos (eram quatro, mas no começo do ano, o mais novo, um siamês que eu simpatizei de cara na praia, sumiu. Eu sei que a mamãe ainda sente muita falta dele, e que ela ficou muito triste quando ele sumiu, mas eu fiquei ao seu lado, como sempre) que eu gosto de perseguir (mas, nem sempre a culpa é minha. Aquele danado do Tito sempre me provoca…). Atenção tenho que dividir mesmo é com aquela coisinha pequena, branquela e magrela que eles chamam de Honey. Até gosto dela, mas minhas donas ficam só se agarrando com ela…Eu também quero badalação assim! Mas reconheço que é difícil me pegar no colo. É que eu estou um pouquinho acima do peso…Mas não sou obeso.

De qualquer modo, hoje sou um cãozinho muito feliz. Tenho casa, comida, e muito carinho. Tenho muito medo de fogos de artificio, mas minha mãe sempre me protege. Em compensação, sou ótimo caçador de ratos, ai, eu que protejo a mamãe. Ela sempre fala que quem me soltou na rua não sabe o que perdeu: um companheirão muito amoroso e fiel. Até defendo o carro quando saio com minha família! E eu adoro andar de carro. Mamãe também diz que as pessoas que me largaram na rua não são merecedoras do meu sofrimento (e é verdade). Eu amo muito a minha família, e não troco ela por nada no mundo (nem uma piscina cheia de bolinhas!).

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