domingo, 28 de fevereiro de 2010

O Ladrão de Raios

 

O ladrão de raios E se os deuses do Olimpo estivessem vivos em pleno século XXI? E se eles ainda se apaixonassem por mortais e tivessem filhos que pudessem se tornar herois? Segundo a lenda da Antiguidade, a maior parte deles, marcados pelo destino, dificilmente passa da adolescência. Pouco conseguem descobrir sua identidade.

Percy Jackson está para ser expulso do colégio interno… de novo. É a sexta vez que isso acontece. Aos 12 anos, esta é apenas uma das ameaças que pairam sobre o garoto, além dos efeitos do déficit de atenção, da dislexia… e das criaturas fantásticas e deuses do Monte Olimpo, que, ultimamente, parecem estar saindo dos livros de mitologia grega do colégio para a realidade. E, ao que tudo indica, estão aborrecidos com ele.

Vários acidentes e revelações inexplicáveis afastam Percy de Nova York, sua cidade, e o lançam em um campo de treinamento muito especial, onde é orientado para enfrentar uma missão que envolve humanos diferentes – metade deuses, metade homens –, além de seres mitológicos. O raio-mestre de Zeus fora roubado e é Percy quem deve resgatá-lo.

Com a ajuda de novos amigos – um sátiro e a filha de uma deusa – Percy tem dez dias para reaver o instrumento de Zeus, que representa a destruição original, e restabelecer a paz no Olimpo. Para conseguir isso, precisará fazer mais que capturar um ladrão. Terá que encarar o pai que o abandonou, resolver um enigma proposto pelo Oráculo e desvendar uma traição mais ameaçadora que a fúria dos deuses.

Esse livro mistura duas de minhas paixões – Harry Potter e mitologia grega – então é claro que eu tinha que ler. E a proximidade do filme só fez minha vontade aumentar (eu ADORO ler livros que viram filmes e depois comparar. Via de regra, os livros são melhores). E é impossível não fazer um paralelo com Harry Potter, mas eu vou tentar não fazer isso.

Logo de cara dá para perceber que Rick Riordan bebeu em Harry Potter, mas arrisco dizer que o primeiro livro de Percy Jackson é melhor que os dois primeiros Harry Potter (ai, quase blasfêmia! Hehehe!). Mas convenhamos que, para um garoto de 12 anos, mesmo que filho de Poseidon, vencer o Minotauro (e outras coisas que ele faz) é meio exagerado. Seria melhor começar a série como no filme, com Percy com pelo menos 16 anos.

Percy, ao contrário de Harry, que vai crescendo e se aperfeiçoando, já aparece com as habilidades prontas. Tem pouco a melhorar. É bem maduro para a idade, nem parecendo que tem só 12 anos, e isso é fácil de notar, pois é ele mesmo quem narra a história. Nunca conheceu o pai e tem que aturar um padrasto nojento, que o detesta (o sentimento é mútuo) e sabe de suas aparentes limitações (a dislexia e o DDA), mas não se faz de vítima. É impulsivo, provocador e não leva desaforos para casa. Sua fraqueza é sua mãe, mas na hora H, sabe pensar no bem maior. Ah, sim, e há uma profecia sobre ele também.

Seu melhor amigo é o sátiro Grover, seu protetor e  um pouco comediante. Grover não mede esforços para proteger Percy e nunca questiona as motivações deste. Vai literalmente até o inferno por Percy. A outra amiga de Percy é Annabeth, filha de Atena, e a sabichona do grupo, sempre pensando em uma estratégia. Ela não vai muito com a cara de Percy no começo, mas eventualmente se torna tão fiel quanto Grover.

Uma coisa muito divertida de O Ladrão de Raios é o constante paralelo com o mundo que nós, reles mortais, conhecemos. E os comentários de Percy sobre algumas coisas são geniais. Outra sacada fenomenal foi a entrada para o Mundo Inferior, o estúdio M.A.C. – Morto ao Chegar (do inglês, DOA – dead on arrive.). Volta e meia eu estava rindo de alguma coisa assim no livro. Ah, sim! E o fato de Dionísio estar de castigo e só poder beber refrigerante light. Excelente!

O ritmo do livro também é ótimo. E mantém o leitor interessado até o fim. Ao contrário de Harry, onde as coisas acontecem em uma ano letivo, em Percy Jackson, tudo acontece em umas duas semanas. Mas isso não nos impede de conhecer os personagens.

Um prato cheio para quem, como eu, andava meio órfão desde que Harry Potter acabou, e também uma maneira muito divertida de aprender sobre mitologia, e história, já que vez por outra o livro faz alusões a grandes eventos históricos, com as Guerras Mundiais, como sendo devido aos deuses, ou a seus filhos. Mal posso esperar para ler a continuação.

Filme

percy jackson filme O filme não tem muito a ver com o livro, algumas coisas foram cortadas, como Ares (que pena! Ares é uma figura!) e algumas foram pura licença poética. Se Rowling não permitiu que mudassem uma vírgula de seus livros, Rick Riordan fez o contrário, mas isso não afeta o resultado final. Em alguns aspectos, eu até prefiro o filme, como a parte em Las Vegas e Percy ser mais velho (apesar de não haver menção da idade de Percy no filme, ele com certeza não tem 12 anos). E a presença de Sean Bean com Zeus e Kevin McKidd (o Lúcio Voreno da fantástica série Roma) no papel de Poseidon são um deleite. E o filme ainda tem participação de Melina Kanakaredes (a Stella de CSI:NY, minha preferida da franquia) no papel de Atena (apesar que ela poderia aparecer mais). E Logan Lerman está muito bem no papel principal. A adição de Perséfone no filme também foi uma ótima sacada (principalmente pela fala, para Hades:" “O que você vai fazer? Eu já estou no Inferno!”). Um pequeno erro no filme: o bichinho de estimação de Hades é Cérbero, o famoso cão de três cabeças que guarda os portões do Mundo Inferior. E o filme, ao contrário de críticas que eu vi (só para deixar claro, para mim crítico de cinema é diretor frustrado, que só tem prazer em acabar com os filmes dos outros. Nunca sigo as críticas) o filme não é só para o público infantil, não. Ao contrário, é bem menos infantil que os primeiros Harry Potter, e até que o próprio livro.

Trilha sonora

Exatamente como no filme Highway to hell, do AC/DC é óbvia. E eu até posso não gostar, mas admito que Poker Face, da Lady Gaga caiu como uma luva nas cenas em Vegas. Acrescento ainda Holding out for a hero, da Bonnie Tyler, Waking up in Vegas, da Katy Perry, e Bohemian Rhapsody, do Queen.

Se você gostou de O Ladrão de Raios, pode gostar de:

  • coleção Harry Potter – J.K. Rowling
  • O Senhor dos Anéis – J.R.R. Tolkien
  • trilogia da Herança – Christopher Paolini

2 comentários:

Unknown disse...

Comecei a ler O Ladrão de Raios, mas larguei..
Gostei da história; achei os personagens bem legais; adorei o Percy, achei ele um personagem super cativante; mas não sei...
Achei a narrativa meio fraquinha, meio forçada. E talvez tenha criado muita expectativa em cima do livro. Acho que se não tivesse ouvido falar tantas maravilhas do livro, a narrativa não tivesse me incomodado. Imagina só, tanta comparação entre Rick Riordan e minha divaaaa Jo Rowling me fez achar que o livro era a nova maravilha literária do século!

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Thalinne,

eu concordo com você. Jo é minha deusa e Harry Potter ainda é beeeem melhor que Percy. Mas Percy é uma delícia e tem algumas coisas que eu acho que faltam um pouco em Harry. A começar com o humor. Hsarry (o personagem, não a série) não tem senso de humor. E sou fascinada por mitologia, o que por si só já era um atrativo. Tente ler de novo, sem comparar com HP. Os outros da série, principalmente o terceiro e o quinto são bem melhores. O segundo é o mais fraquinho, mas se você persistir, vai gostar.

Beijos